Vou contar uma história, mas não sou uma contadora de histórias!
Era uma vez uma vez uma concha, uma concha discreta, que facilmente passava despercebida e raramente se abria para o mundo. A concha começou a sentir-se sozinha, num mar tão vasto e cheio de vida, ou pelo menos assim parecia.
O mar estava cheio de tentações a pedir para serem experimentadas, cheio de aventuras para viver e muitas coisas por descobrir ainda. Ao ver que todas as outras estavam a arriscar e de facto a viver, sentiu-se triste e um fracasso, portanto decidiu mudar de postura!
Começou por definir tudo o que queria fazer e sítios que queria visitar, portanto decidiu que não se iria sujeitara-se ao pouco que conseguia conquistar, que por sua vez, era mesmo pouco. Contentava-se com qualquer coisa, porque qualquer coisa era melhor que nada, talvez ao partir nesta caminhada poderia vir a sentir-se ao mesmo nível que as outras conchas, apesar das diferenças.
Nessa aventura, sentiu o tempo a passar, a concha deu por si a sentir-se cansada e insatisfeita. Como se a rocha que ela estava tão empenhada em escalar não tivesse fim, por mais esforço que fizesse e por mais empenho que colocasse na sua tarefa, o topo parecia não ter fim. Ele estava lá, a concha estava constantemente a ver o topo, mas começava a desesperar porque este parecia infinito.
Sozinha, muito distante fisicamente (e não só), de todas as influências, concluiu que aquele caminho não era o seu caminho. Para uma conchinha que sempre foi diferente, estava a tornar-se igual as todas as outras, a perder o seu brilho, a deixar de ser o que sempre foi para seguir o mesmo caminho.
Ao sentir-se banal, ao perder a sua essência entendeu que afinal a postura que tinha adotado não era a mais correcta. Algo não estava bem, tinha que ser melhorado!
Ao sair da zona de conforto, desligar das influências (o suficiente para não as voltar a seguir) e voltar a aceitar que é diferente (ou seja, voltar a aceitar-se), a concha percebeu o que estava a fazer de errado e colocou em prática o seu plano de reforma.
Plano esse que correspondia em, não ir na mesma corrente de todas as outras, a corrente que ia começar a seguir era mais lenta, mais suave, mais morosa e trabalhosa. Ia ser uma escalada difícil, teria que colocar de parte as experiências e aventuras que observava todos a viver.
Independentemente de se sentir triste com isso, sentia-se ao mesmo tempo esperançosa, porque no futuro ia conseguir alcançar tudo o que mais desejava, era só uma questão de tempo e paciência.
Com isto, ficou muito mais leve. Apesar das mudanças serem sempre uma incógnita e a fase de adaptação normalmente ser desconfortável, a confiança e fé que depositou nela própria foi o suficiente para dar esse passo para trás.
Porque mais tarde, todos os passos que daria para a frente, para além de serem maiores, seriam também mais fortes e capazes!
Esta não é só uma história fantasiada. É um futuro certo...
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