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Adeus

Foto do escritor: Lola Lola

Atualizado: 1 de abr. de 2020

Estamos sozinhos no nosso canto escuro preferido.

Hades tem as costas contra a parede e eu estou aninhada no meio de suas pernas, com as minhas costas contra o seu peito, eu conseguia sentir o seu batimento cardíaco, a sua respiração faz cócegas no meu ouvido, entrelacei os nosso dedos, esperei que ele apertasse os meus.

Não aconteceu. 

Fechei os olhos, suspirei, e abri-os novamente, levantei-me lentamente e estiquei a mão para ajudá-lo a levantar-se também, em vão.

Ele olhou para mim e disse que iria ficar ali, de seguida, olhou para baixo novamente, pousou a cabeça nas mãos e eu percebi.

Virei-lhe as costas e fui embora. 

Fui embora, para sempre.


Fim...



Um rapaz muito interessante meteu-se comigo enquanto eu esperava uma amiga minha, que, como sempre, estava atrasada para o nosso encontro. Trocamos os números de telemóvel e durante algumas semanas trocamos mensagens.

Um dia cheguei à conclusão que estávamos a iniciar uma relação virtual, não estávamos juntos fisicamente mas passávamos os dias e grande parte das noites a conversar, inicialmente por mensagem mas rapidamente começamos a falar também por chamada.

Já nos conhecíamos minimamente bem, pelo que sugeri que nos encontrássemos de novo. (Nem sei porque é que algo não nos ocorreu antes)

Ele aceitou o meu convite para um café, no sitio onde nos tínhamos conhecido.

As nossas conversas tornaram-se um hábito, por isso sugeri que nos voltássemos a encontrar, esses encontros tornaram-se rotineiros. Substituindo assim as nossas conversas virtuais por conversas presenciais. 

Semanas mais tarde, quando regressei a casa do nosso encontro, fechei-me no quarto, com o sorriso idiota na cara, deitei-me na cama e revivi o nosso beijo centenas de vezes na minha cabeça. Tentei acalmar as borboletas que insistiam em continuar no meu estômago, mas foi impossível. 

Algo mudou, tentei perceber o quê, mas não consegui, por isso perguntei-lhe directamente se havia alguma coisa errada, disse que não, que estava tudo bem. Nunca acreditei plenamente naquela resposta.

Comecei a questionar o porquê de sentir o que sinto por ele, o que ele diz, o que ele faz, o que ele tem para me ter conseguido afectar desta maneira.

Após várias tentativas (falhadas) de tentar entender a sua distancia emocional, desisti.

Concluí que Hades é mesmo assim, não se diz que é ao longo do tempo que vamos conhecendo as pessoas de verdade?.

Apesar do seu mau feitio e ligeira frieza, eu sentia-me bem quando estávamos juntos, mas até os nossos encontros se tornaram menos frequentes. Pequenas coisas como idas ao cinema, passeios ou mesmo idas ao café tornaram-se praticamente escassas. A nossa intimidade passou a ser inexistente. 

A meio de um (raro) almoço a 2, propus um passeio, que terminou no canto do jardim público da cidade, o nosso canto.

No início era onde nos escondíamos do mundo. 

Quem diria que o início e o fim podiam acontecer no mesmo sítio.

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